Diferenças entre Israel e a Igreja no Apocalipse
Existem várias distinções cruciais entre Israel e a Igreja no contexto do livro de Apocalipse. A principal diferença reside no plano divino para cada entidade, com objetivos distintos traçados para Israel e para a Igreja.
Plano Divino:
Deus tem um plano específico para Israel, que se centra na promessa de uma herança terrena, a Terra Prometida, conforme Gênesis 12. A Igreja, por outro lado, tem uma herança celestial, o Céu, como descrito em Efésios 3. Essa diferença de propósito e destino molda o papel de cada grupo no desenrolar dos eventos apocalípticos.
Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção.
E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
Assim, partiu Abrão, como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de Harã.
E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e toda a sua fazenda, que haviam adquirido, e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e vieram à terra de Canaã.
E passou Abrão por aquela terra até ao lugar de Siquém, até ao carvalho de Moré; e estavam, então, os cananeus na terra.
E apareceu o SENHOR a Abrão e disse: À tua semente darei esta terra. E edificou ali um altar ao SENHOR, que lhe aparecera.
Pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo,
o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas,
a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;
Efs. 1:3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo
Natureza da Igreja:
A Igreja é descrita como um "mistério" não revelado até a era presente, composta por judeus e gentios que creem em Cristo e são enxertados no Israel espiritual. Essa inclusão dos gentios na Igreja é um ponto central no Apocalipse, destacando a universalidade do plano de salvação de Deus.
A verdade a respeito do Corpo de Cristo foi um segredo guardado de todas as eras e gerações passadas (Efésios 3:9) e por isso, deve necessariamente ser algo diferente daquilo que foi o objeto de todos os pronunciamentos proféticos da antiguidade.
A Igreja deve ter sido desconhecida nos tempos do Velho Testamento, ele infere, porque é chamada de um "mistério" pelo apóstolo Paulo (Efésios 3:4-6; Colossenses 1:25-27). Além do mais, Paulo chama a Igreja de Cristo explicitamente de um "novo homem" (Efésios 2:15), uma criação que foi resultado da morte de Cristo. A Igreja foi construída sobre a ressurreição e ascensão de Cristo (Efésios 1:20-23; 4:7-13) e tornou-se operante apenas no dia de Pentecostes (Atos 2). A Igreja, ele assegura, não é um sujeito da profecia veterotestamentária e por isso, "a Igreja não está cumprindo as promessas de Israel". Consequentemente, "o próprio Israel deve cumpri-las no futuro" A Igreja será arrebatada do mundo antes que Deus lide novamente com Israel. Ryrie conclui, "A essência do dispensacionalismo, então, é a distinção entre Israel e a Igreja" Ele apela para 1 Coríntios 10:32 a fim de confirmar a sua tese de que o "Israel natural e a Igreja também são contrastados no Novo Testamento"
O Israel natural e a igreja são contrapostos no Novo Testamento (Rm. 11.1-25; 1Co. 10.32). Em Romanos 11 vemos que Deus retirou temporariamente a nação de Israel da esfera de Sua bênção, mas a reintegrará a tal posição quando Seu plano com a igreja terminar. Esta consideração mostra que a igreja não suplanta Israel no plano da aliança de Deus.
Os judeus cristãos, que fariam parte do Israel espiritual, e os cristãos gentios são contrapostos no Novo Testamento (Rm. 9.6, em que Paulo compara as promessas que pertencem a Israel segundo a carne e as que pertencem a Israel segundo a apropriação pela fé; Gl. 6.15,16, em que Paulo menciona especificamente judeus crentes na bênção pronunciada sobre todo o corpo de Cristo). Parece estar bem estabelecido, então, que a igreja de hoje não é o Israel no qual as alianças são cumpridas.
Relação com Cristo:
Israel aguarda a vinda de Cristo como seu Rei, que restabelecerá o reino davídico. A Igreja, já unida a Cristo, o reconhece como Cabeça do corpo e Noivo, aguardando o arrebatamento e o casamento com o Cordeiro.
Cristo | Israel | Igreja |
---|---|---|
O ENCONTRO COM CRISTO | Os Judeus serão chamados de volta a sua pátria. Jeremias 33:7-9 | A igreja será chamada aos céus. I Tessalonicenses. 4:13-15 |
A RELAÇÃO COM CRISTO | Cristo será o rei de Israel. Zacarias. 14:17 | Cristo é a cabeça do corpo, e noivo da igreja Efésios 1:22 - 4:15 |
A HERANÇA | A herança de Israel é a terra. Gen. 12:7 | A herança da igreja é o céu. Efésios 1:3 |
Papel no Apocalipse:
Durante a Grande Tribulação, Deus estará trabalhando principalmente com Israel. 144.000 judeus serão selados para proteção divina durante esse período, enquanto a Igreja, ausente da Terra, estará no céu.
Enquanto a igreja estiver na terra não existirá nenhum salvo que desfrute um relacionamento exclusivamente judaico. Todos são salvos para receber uma posição no corpo de Cristo, conforme indicado em Colossenses 1.26-29; 3.11; Efésios 2.14-22; 3.1-7. Durante a septuagésima semana, a igreja estará ausente, pois dos salvos restantes em Israel Deus sela 144 mil judeus, 12 mil de cada tribo, de acordo com Apocalipse 7.14. O fato de Deus lidar novamente com Israel nesse relacionamento nacional, separando-o por identidade nacional e mandando-o como representante às nações no lugar das testemunhas da igreja, indica que a igreja não deve estar mais na terra.
Uma vez que Deus está lidando com Israel em particular e com os gentios em geral, na tribulação, essa sétima trombeta, que se enquadra no período tribulacional, não poderia referir-se à igreja sem que se perdessem as distinções entre a igreja e Israel.
A passagem de Apocalipse retrata um gigantesco terremoto em que milhares de pessoas perdem a vida, e graças ao qual o remanescente fiel adora a Deus, tomado de medo. Na passagem de Tessalonicenses nenhum terremoto é mencionado. Não haverá remanescente fiel deixado para trás no arrebatamento, experimentando os terrores de Apocalipse 11.13. Tal ponto de vista só poderia encaixar-se na posição parcialista do arrebatamento.
De acordo com Apocalipse 12, o objeto do ataque satânico durante o período tribulacional é "a mulher" que deu à luz o filho. Como o filho é nascido para "reger todas as nações com cetro de ferro" (Ap 12.5), essa passagem só pode referir-se a Cristo, o Único que tem direito de reger. O salmista confirma essa interpretação em Salmos 2.9, claramente messiânico. Aquele de quem Cristo veio só pode ser Israel. Quando Satanás for lançado para fora do céu (Ap 12.9), ele prosseguirá com "grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta" (Ap 12.12). A igreja não deverá estar aqui, pois, como é "corpo de Cristo" e "noiva de Cristo" e, consequentemente, preciosa para Cristo, seria o objeto do ataque satânico se estivesse presente como foi através dos tempos (Ef 6.12). O motivo pelo qual Satanás se volta contra Israel só pode ser explicado pela ausência da igreja no cenário da tribulação.
Demonstrou-se anteriormente que a igreja não estará no período tribulacional. A relação singular da igreja com esse período é vista na posição e na atividade dos 24 anciãos que aparecem em Apocalipse. João mostra que o livro de Apocalipse divide-se em três partes (Ap 1.19): "as coisas que viste" constituem a primeira divisão e incluem a visão de Cristo no capítulo 1; "as coisas que são" constituem a segunda divisão e incluem as sete cartas às sete igrejas, contidas nos capítulos 2 e 3, que se referem a toda a igreja do presente século, e "as coisas que hão de acontecer depois destas" constituem a terceira divisão e incluem tudo o que está revelado nos capítulos de 4 a 22.
Interpretação Simbólica:
A linguagem simbólica do Apocalipse frequentemente utiliza imagens do Antigo Testamento relacionadas a Israel para descrever a Igreja. Por exemplo, os 144.000 selados representam o Israel espiritual, composto por crentes de todas as nações.
Em primeiro lugar, há uma progressão histórica clara em Apocalipse 7, porque o selamento dos 144.000 está situado na terra, com antecedência à crise final de fé, enquanto que a grande multidão está em pé "diante do trono e na presença do Cordeiro" (Apoc. 7:9). Estes "vêm da grande tribulação" (v. 14). Dessa maneira, as duas cenas descrevem um desenvolvimento na história da salvação.
Em segundo lugar, outra diferença tem que ver com a linguagem figurada das duas cenas deste capítulo. À primeira vista, parece descrever dois grupos diferentes, um que consiste de 144.000 judeus de 12 tribos específicas, e uma grande multidão de todas as nações da terra que não pode contar-se. Mas se se considera o contexto do Apocalipse como um todo, podemos ver que estas distinções aparentes não descrevem duas classes diferentes de redimidos. O livro começa anunciando que a igreja é a que realiza a eleição de Israel: "E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai" (Apoc. 1:6; cf. Êxo. 19:4, 5). Esta verdade do evangelho se amplia no canto dos anciões.
As promessas de Deus de abençoar a Abraão e aos outros patriarcas de Israel se cumprirão por meio de Cristo em uma forma que superará todas as expectativas (ver Gál. 3:29; 6:16). Apocalipse 7 contém a chave para abrir seu próprio simbolismo hebraico: o verdadeiro Israel de Deus não está limitado a 144.000 judeus literais, mas sim é um símbolo da totalidade do Israel espiritual entre toda a raça humana.
No dia final, todos receberão o selo de proteção e não só um pequeno número de crentes judeus, deixando os cristãos de origem gentil desprotegida. Esta é a segurança que apresenta Apocalipse 7 para a igreja do tempo do fim. Alguns eruditos bíblicos destacam com toda razão a idéia de que "o selamento deve ser coextensivo com o perigo, e portanto, deve incluir a toda a comunidade cristã, judeus e gentios por igual" Outros declaram que "as duas visões, descrevem o mesmo corpo, sob condições totalmente diferentes" Esta conclusão também está confirmada em Apocalipse 14:1-5, onde se descreve a fé cristã dos 144.000 na linguagem simbólica do Joel 2:32 e Sofonías 3:13.
O Apocalipse descreveu a era da primeiro igreja nos capítulos 2 e 3 nas cartas de Cristo, mas os santos do tempo do fim estão representados em Apocalipse 7 como os 144.000 verdadeiros "israelitas" de todas as tribos (12 x 12.000). Esta é linguagem em clave do pacto de redenção de Deus. Seu "selamento" como "servos" de Deus por parte dos anjos os assinala como os que suportaram a prova do anticristo ao rechaçar sua "marca". Entretanto, são vitoriosos só porque confiaram "no sangue do Cordeiro" (Apoc. 7:14). Seus caracteres estão centrados em Cristo e são semelhantes a Cristo. Estão em um contraste direto com os que têm o número da besta, o 666, "um número misterioso que significa paródia e imperfeição"
Adoração Verdadeira:
O conflito entre a adoração verdadeira e falsa é um tema central no Apocalipse, com Babilônia representando a apostasia religiosa. A Igreja é chamada a permanecer fiel ao evangelho e ao testemunho de Jesus, resistindo às pressões de se conformar com o sistema corrupto do mundo.
Finalmente, o que se desenvolve como tema central no Apocalipse de João é o simbolismo das duas mulheres em Apocalipse 12 e 17. Aqui se descreve a igreja cristã e à apóstata não só em termos de diferenças dogmáticas ou doutrinais, mas também como duas comunidades adoradoras diferentes.
Como Paulo Emprega os Tipos de Adoração Falsa no Antigo Testamento A admoestação de Paulo se centra na chegada da apostasia religiosa – o "homem
da iniqüidade" dentro do templo de Deus na terra –, uma apostasia que permanecerá até a gloriosa vinda de Cristo.
A Babilônia de nossos dias, há uma outra Babilônia sentada sobre as águas. Portanto, os mesmos aspectos. Aqui existe uma relação tipológica. Precisamos entender o tipo – Jeremias 50 e 51 – para compreendermos o antítipo.
O contexto imediato de Apoc. 17 é o capítulo 16, e o contexto raiz é Jeremias 50 e 51.
Leiamos o verso 2. O pecado de Babilônia é cometer fornicação com os reis da Terra. Babilônia é mundial. É uma mulher (verso 1) representada por muitas filhas. Mulher pura representa igreja pura. Mulher impura representa igreja apostatada. Em Ezequiel 16 Israel também é chamado de prostituta. Temos agora Babilônia como um poder religioso, apoiada sobre muitas águas,
Contraste com o Dispensacionalismo:
É importante notar que alguns autores contestam a visão dispensacionalista que separa completamente Israel da Igreja. Essas fontes argumentam que a Igreja é a continuidade do Israel de Deus, cumprindo a promessa de um remanescente fiel e herdando as bênçãos do concerto divino.
Os termos "Israel" e "Igreja" nas Escrituras sempre se referem a dois concertos totalmente diferentes entre Deus e o Seu povo: Israel representa um reino nacional-teocrático e terreno, mas a Igreja, um espiritual e celestial.
É encorajador observar como alguns que chamam a si mesmos "modernos dispensacionalistas" estão preparados para reconhecer que através do cuidadoso estudo do inter-relacionamento entre o Velho e o Novo Testamento, a velha e aguda distinção entre Israel e a Igreja começa a se tornar embaçada de alguma forma...Estritamente falando, também é incorreto chamar Israel de povo terrestre de Deus, e a Igreja de povo celestial de Deus, desde que no estado eterno, todos viveremos juntos, partilhando as bênçãos da Nova Jerusalém e da nova terra...Temos dividido excessivamente!
Os dispensacionalistas acreditam que Deus está buscando dois propósitos distintos através das gerações: um relacionado à Terra, envolvendo pessoas e objetivos terrenos, o outro relacionado ao Céu, envolvendo pessoas e objetivos celestiais!
Comparando Israel e a Igreja: Uma Análise Bíblica
A tabela abaixo compara as diferenças entre Israel e a Igreja, com base nas Escrituras citadas na fonte fornecida:
Característica | Israel | Igreja | Passagem Bíblica (Israel) | Passagem Bíblica (Igreja) |
---|---|---|---|---|
Escolha de Deus | Para a glória na Terra | Para a glória no Céu | Gênesis 15:7; Josué 11:23; Êxodo 32:13 | Efésios 2:4-7 |
Tempo da Escolha | Através do chamado de Abraão | Antes da fundação do mundo | Gênesis 12 | Efésios 1:4 |
Propósito de Deus | Tornar-se uma nação diferente de todas | Tornar-se um corpo diferente de todos | Gênesis 12:2; 46:3 | Efésios 1:15-23; 2 Coríntios 12:2; Cantares 4:1 |
Chamado | Deus chamou uma pessoa (Abraão) para formar uma nação | Chamada dentre muitos para se tornar um só | Isaías 51:2 | Efésios 1:5 |
Encontro com Cristo | Serão chamados de volta para a sua pátria (Israel) e encontrarão Cristo na batalha do Armagedom | Serão chamados aos céus | Jeremias 33:7-9 | 1 Tessalonicenses 4:13-15; 1 Coríntios 15:51 |
Relação com Cristo | Cristo será o Rei de Israel | Cristo é o cabeça do corpo e o noivo da Igreja | Zacarias 14:17 | Efésios 1:23,24 |
Herança | A Terra | O Céu | Gênesis 12 | Efésios 3 |
Observações Importantes:
- A fonte destaca que as 70 semanas de Daniel 9:25 são proféticas e se referem a Israel, não à Igreja.
- Cada dia na profecia de Daniel representa um ano, conforme Ezequiel 4:7.
- As 70 semanas de Daniel se dividem em três partes: 7 semanas (49 anos), 62 semanas (434 anos) e 1 semana (7 anos), conforme Levíticos 25:8.
- A última semana (7 anos) é o período da tribulação.
- A fonte sugere que a Igreja será arrebatada antes da tribulação, mas reconhece que existem diferentes interpretações sobre este evento.