#Apocalipse #Escatologia

Diferenças entre Israel e a Igreja no Apocalipse

Existem várias distinções cruciais entre Israel e a Igreja no contexto do livro de Apocalipse. A principal diferença reside no plano divino para cada entidade, com objetivos distintos traçados para Israel e para a Igreja.

Plano Divino:

Deus tem um plano específico para Israel, que se centra na promessa de uma herança terrena, a Terra Prometida, conforme Gênesis 12. A Igreja, por outro lado, tem uma herança celestial, o Céu, como descrito em Efésios 3. Essa diferença de propósito e destino molda o papel de cada grupo no desenrolar dos eventos apocalípticos.

Natureza da Igreja:

A Igreja é descrita como um "mistério" não revelado até a era presente, composta por judeus e gentios que creem em Cristo e são enxertados no Israel espiritual. Essa inclusão dos gentios na Igreja é um ponto central no Apocalipse, destacando a universalidade do plano de salvação de Deus.


A verdade a respeito do Corpo de Cristo foi um segredo guardado de todas as eras e gerações passadas (Efésios 3:9) e por isso, deve necessariamente ser algo diferente daquilo que foi o objeto de todos os pronunciamentos proféticos da antiguidade.

A Igreja deve ter sido desconhecida nos tempos do Velho Testamento, ele infere, porque é chamada de um "mistério" pelo apóstolo Paulo (Efésios 3:4-6; Colossenses 1:25-27). Além do mais, Paulo chama a Igreja de Cristo explicitamente de um "novo homem" (Efésios 2:15), uma criação que foi resultado da morte de Cristo. A Igreja foi construída sobre a ressurreição e ascensão de Cristo (Efésios 1:20-23; 4:7-13) e tornou-se operante apenas no dia de Pentecostes (Atos 2). A Igreja, ele assegura, não é um sujeito da profecia veterotestamentária e por isso, "a Igreja não está cumprindo as promessas de Israel". Consequentemente, "o próprio Israel deve cumpri-las no futuro" A Igreja será arrebatada do mundo antes que Deus lide novamente com Israel. Ryrie conclui, "A essência do dispensacionalismo, então, é a distinção entre Israel e a Igreja" Ele apela para 1 Coríntios 10:32 a fim de confirmar a sua tese de que o "Israel natural e a Igreja também são contrastados no Novo Testamento"


O Israel natural e a igreja são contrapostos no Novo Testamento (Rm. 11.1-25; 1Co. 10.32). Em Romanos 11 vemos que Deus retirou temporariamente a nação de Israel da esfera de Sua bênção, mas a reintegrará a tal posição quando Seu plano com a igreja terminar. Esta consideração mostra que a igreja não suplanta Israel no plano da aliança de Deus.

Os judeus cristãos, que fariam parte do Israel espiritual, e os cristãos gentios são contrapostos no Novo Testamento (Rm. 9.6, em que Paulo compara as promessas que pertencem a Israel segundo a carne e as que pertencem a Israel segundo a apropriação pela fé; Gl. 6.15,16, em que Paulo menciona especificamente judeus crentes na bênção pronunciada sobre todo o corpo de Cristo). Parece estar bem estabelecido, então, que a igreja de hoje não é o Israel no qual as alianças são cumpridas.

Relação com Cristo:

Israel aguarda a vinda de Cristo como seu Rei, que restabelecerá o reino davídico. A Igreja, já unida a Cristo, o reconhece como Cabeça do corpo e Noivo, aguardando o arrebatamento e o casamento com o Cordeiro.

Cristo Israel Igreja
O ENCONTRO COM CRISTO Os Judeus serão chamados de volta a sua pátria. Jeremias 33:7-9 A igreja será chamada aos céus. I Tessalonicenses. 4:13-15
A RELAÇÃO COM CRISTO Cristo será o rei de Israel. Zacarias. 14:17 Cristo é a cabeça do corpo, e noivo da igreja Efésios 1:22 - 4:15
A HERANÇA A herança de Israel é a terra. Gen. 12:7 A herança da igreja é o céu. Efésios 1:3

Papel no Apocalipse:

Durante a Grande Tribulação, Deus estará trabalhando principalmente com Israel. 144.000 judeus serão selados para proteção divina durante esse período, enquanto a Igreja, ausente da Terra, estará no céu.

Interpretação Simbólica:

A linguagem simbólica do Apocalipse frequentemente utiliza imagens do Antigo Testamento relacionadas a Israel para descrever a Igreja. Por exemplo, os 144.000 selados representam o Israel espiritual, composto por crentes de todas as nações.


Em primeiro lugar, há uma progressão histórica clara em Apocalipse 7, porque o selamento dos 144.000 está situado na terra, com antecedência à crise final de fé, enquanto que a grande multidão está em pé "diante do trono e na presença do Cordeiro" (Apoc. 7:9). Estes "vêm da grande tribulação" (v. 14). Dessa maneira, as duas cenas descrevem um desenvolvimento na história da salvação.
Em segundo lugar, outra diferença tem que ver com a linguagem figurada das duas cenas deste capítulo. À primeira vista, parece descrever dois grupos diferentes, um que consiste de 144.000 judeus de 12 tribos específicas, e uma grande multidão de todas as nações da terra que não pode contar-se. Mas se se considera o contexto do Apocalipse como um todo, podemos ver que estas distinções aparentes não descrevem duas classes diferentes de redimidos. O livro começa anunciando que a igreja é a que realiza a eleição de Israel: "E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai" (Apoc. 1:6; cf. Êxo. 19:4, 5). Esta verdade do evangelho se amplia no canto dos anciões.

Adoração Verdadeira:

O conflito entre a adoração verdadeira e falsa é um tema central no Apocalipse, com Babilônia representando a apostasia religiosa. A Igreja é chamada a permanecer fiel ao evangelho e ao testemunho de Jesus, resistindo às pressões de se conformar com o sistema corrupto do mundo.


A Babilônia de nossos dias, há uma outra Babilônia sentada sobre as águas. Portanto, os mesmos aspectos. Aqui existe uma relação tipológica. Precisamos entender o tipo – Jeremias 50 e 51 – para compreendermos o antítipo.
O contexto imediato de Apoc. 17 é o capítulo 16, e o contexto raiz é Jeremias 50 e 51.
Leiamos o verso 2. O pecado de Babilônia é cometer fornicação com os reis da Terra. Babilônia é mundial. É uma mulher (verso 1) representada por muitas filhas. Mulher pura representa igreja pura. Mulher impura representa igreja apostatada. Em Ezequiel 16 Israel também é chamado de prostituta. Temos agora Babilônia como um poder religioso, apoiada sobre muitas águas,

Contraste com o Dispensacionalismo:

É importante notar que alguns autores contestam a visão dispensacionalista que separa completamente Israel da Igreja. Essas fontes argumentam que a Igreja é a continuidade do Israel de Deus, cumprindo a promessa de um remanescente fiel e herdando as bênçãos do concerto divino.


Os termos "Israel" e "Igreja" nas Escrituras sempre se referem a dois concertos totalmente diferentes entre Deus e o Seu povo: Israel representa um reino nacional-teocrático e terreno, mas a Igreja, um espiritual e celestial.
É encorajador observar como alguns que chamam a si mesmos "modernos dispensacionalistas" estão preparados para reconhecer que através do cuidadoso estudo do inter-relacionamento entre o Velho e o Novo Testamento, a velha e aguda distinção entre Israel e a Igreja começa a se tornar embaçada de alguma forma...Estritamente falando, também é incorreto chamar Israel de povo terrestre de Deus, e a Igreja de povo celestial de Deus, desde que no estado eterno, todos viveremos juntos, partilhando as bênçãos da Nova Jerusalém e da nova terra...Temos dividido excessivamente!

Comparando Israel e a Igreja: Uma Análise Bíblica

A tabela abaixo compara as diferenças entre Israel e a Igreja, com base nas Escrituras citadas na fonte fornecida:

Característica Israel Igreja Passagem Bíblica (Israel) Passagem Bíblica (Igreja)
Escolha de Deus Para a glória na Terra Para a glória no Céu Gênesis 15:7; Josué 11:23; Êxodo 32:13 Efésios 2:4-7
Tempo da Escolha Através do chamado de Abraão Antes da fundação do mundo Gênesis 12 Efésios 1:4
Propósito de Deus Tornar-se uma nação diferente de todas Tornar-se um corpo diferente de todos Gênesis 12:2; 46:3 Efésios 1:15-23; 2 Coríntios 12:2; Cantares 4:1
Chamado Deus chamou uma pessoa (Abraão) para formar uma nação Chamada dentre muitos para se tornar um só Isaías 51:2 Efésios 1:5
Encontro com Cristo Serão chamados de volta para a sua pátria (Israel) e encontrarão Cristo na batalha do Armagedom Serão chamados aos céus Jeremias 33:7-9 1 Tessalonicenses 4:13-15; 1 Coríntios 15:51
Relação com Cristo Cristo será o Rei de Israel Cristo é o cabeça do corpo e o noivo da Igreja Zacarias 14:17 Efésios 1:23,24
Herança A Terra O Céu Gênesis 12 Efésios 3

Observações Importantes:

Em suma, o Apocalipse apresenta Israel e a Igreja como entidades distintas no plano divino, mas intrinsecamente ligadas pela obra redentora de Cristo. A Igreja, composta por judeus e gentios que creem em Jesus, é o novo Israel, herdeira das promessas espirituais e destinada à glória celestial. No entanto, a herança terrena de Israel e seu papel na Grande Tribulação permanecem distintos, culminando no estabelecimento do reino messiânico na Terra.

Referências

3º AULA ESCATOLOGIA (TRIBULAÇÃO) - YouTube


  1. Hans K. LaRondelle - O Israel de Deus na Profecia ↩︎

  2. Pentecost J Dwight - MANUAL DE ESCATOLOGIA ↩︎

  3. Hans K. LaRondelle - As Profecias do Tempo ↩︎

  4. Hans K. LaRondelle - Armagedom ↩︎

  5. Hans K. LaRondelle - O Israel de Deus na Profecia pg. 164 ↩︎