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As dispensações

As dispensações são períodos de tempo em que Deus testa a obediência do homem em relação a alguma revelação especial de sua vontade. A palavra "dispensação" deriva do termo grego "oikonimia", que significa "economia" ou "boa ordem na administração de uma casa".

Existem diferentes perspectivas sobre as dispensações, incluindo:

Implicações Teológicas:

Em resumo, as dispensações são períodos de tempo distintos no plano de Deus para a humanidade, cada um com características e propósitos próprios. Há diferentes interpretações sobre quantas dispensações existem e como elas se relacionam. É importante estudar cuidadosamente as Escrituras e analisar as diferentes perspectivas teológicas para obter uma compreensão mais completa da escatologia bíblica.

Tabela comparativa

Podemos comparar as dispensações em uma tabela, destacando suas principais características e diferenças. É importante notar que existem diferentes pontos de vista sobre o número e a natureza exata das dispensações, com algumas fontes defendendo sete dispensações, enquanto outras propõem três ou até menos, ou criticam essa divisão como arbitrária.

A tabela a seguir apresenta uma visão geral das dispensações mais comuns, organizadas em uma tabela para melhor compreensão.

Dispensação Período/Características Principais Teste/Responsabilidade do Homem Resultados Aliança Principal
Inocência Período antes da queda do homem, no Jardim do Éden. A humanidade vivia em comunhão direta com Deus, sem pecado. Obedecer ao mandamento de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Desobediência e queda da humanidade, resultando em pecado, morte e separação de Deus. Aliança com Adão, prometendo um redentor da semente da mulher.
Consciência Após a queda, o homem passa a ter consciência do bem e do mal. A responsabilidade é seguir a luz da consciência e buscar a Deus. Seguir a consciência e buscar a Deus. Aumento da maldade e violência, culminando no dilúvio. Aliança com Noé, prometendo não destruir a terra por meio de um dilúvio novamente.
Governo Humano Após o dilúvio, Deus estabelece o governo humano, delegando responsabilidade e poder aos homens para governar a terra e controlar o pecado. Exercer o governo com justiça e seguir as leis estabelecidas. A rebelião do homem em Babel, resultando na dispersão dos povos e na criação de diversas nações. Não especificada como uma aliança formal nesse período, embora haja um decreto para o governo humano em geral.
Patriarcal Período em que Deus interage com os patriarcas (Abraão, Isaque, Jacó) por meio de promessas e revelações. A ênfase está na fé e na obediência pessoal. Crer nas promessas de Deus e obedecer à Sua vontade. Formação da nação de Israel e promessas de descendência e terra. Aliança com Abraão, prometendo descendência, terra e bênção para todas as nações.
Lei Deus estabelece a Lei por meio de Moisés, dando a Israel um código legal detalhado, incluindo mandamentos, leis cerimoniais e de justiça. O objetivo era mostrar a pecaminosidade do homem e a necessidade de um Salvador. Obedecer à Lei, tanto moral quanto cerimonialmente. Impossibilidade de cumprir perfeitamente a Lei, revelando a necessidade de um Salvador. Aliança Mosaica, estabelecendo as leis e exigências para Israel, apontando para a necessidade de um Redentor.
Graça Período inaugurado pela vinda de Jesus Cristo, em que a salvação é oferecida pela graça, por meio da fé, e não por obras da lei. A ênfase está no amor e na misericórdia de Deus. Aceitar o sacrifício de Cristo e viver uma vida de fé e obediência ao Espírito Santo. A Igreja é formada e espalhada pelo mundo, oferecendo a salvação a todos que crêem. Nova Aliança em Cristo, baseada na graça, oferecendo perdão, reconciliação e vida eterna.
Reino Período futuro em que Cristo retornará e reinará sobre a terra por mil anos, estabelecendo paz, justiça e retidão. Os crentes participarão do Seu reino. Participar do governo de Cristo e viver em justiça. Paz, justiça, prosperidade e conhecimento da glória de Deus sobre a terra. Aliança Davídica, que promete um reino eterno ao descendente de Davi (Cristo).

É crucial notar que alguns teólogos criticam essa divisão rígida em sete dispensações, defendendo uma visão mais unificada do plano de Deus, onde a aliança da graça é o elemento central. Para esses teólogos, a história bíblica é melhor entendida como uma progressão da revelação da aliança, com diferentes administrações, em vez de sete períodos radicalmente distintos. Eles argumentam que a palavra "dispensação" (oikonomia) se refere à administração da casa de Deus, e não a períodos de tempo separados por testes e julgamentos.

Além disso, há um debate sobre a relação entre Israel e a Igreja em cada dispensação. O dispensacionalismo clássico enfatiza a distinção entre Israel e a Igreja, com planos escatológicos distintos para cada um. No entanto, outros teólogos entendem que a Igreja é o novo Israel, com continuidade nas promessas e no plano de Deus.

Em resumo, a tabela acima oferece um panorama geral das principais dispensações propostas por alguns estudiosos, mas é essencial reconhecer a complexidade e a diversidade de interpretações dentro da teologia cristã. O entendimento das dispensações influencia a interpretação das profecias, a compreensão da história da salvação e a visão sobre o futuro.