Literatura apocalíptica
A literatura apocalíptica floresceu entre o Antigo e o Novo Testamento como produto de uma esperança invencível e indestrutível face à opressão e escravidão. A palavra “apocalipse” vem do grego apokálypsis que significa “revelação”. Esse tipo de literatura descreve o pecado da era presente, os terrores do momento de transição e as bênçãos do tempo vindouro.
Características da Literatura Apocalíptica:
- Simbolismo e Imagens: A literatura apocalíptica usa símbolos e imagens para comunicar o que está além da experiência humana, descrevendo o indescritível e o inexprimível.
- Linguagem Codificada: Para evitar a compreensão dos opressores e proteger seus autores, os livros apocalípticos usavam linguagem codificada, o que tornava a interpretação desafiadora, exigindo conhecimento do contexto histórico e da situação em que foram escritos.
- Pseudônimos: Os autores geralmente usavam pseudônimos, atribuindo suas obras a grandes figuras do passado para conferir-lhes autoridade.
- Temas Recorrentes: Diversos temas e imagens se repetem nos livros apocalípticos:
- Anjos e demônios
- O Messias
- A ressurreição dos mortos
- O Juízo Final
- O Céu e o Inferno
- Números simbólicos, como 7 e 12
- Animais simbólicos, como o cordeiro e o dragão
O Apocalipse:
O livro do Apocalipse é um exemplo de literatura apocalíptica cristã, escrito no mesmo esquema da literatura apocalíptica judaica, com a concepção básica das duas eras. O Apocalipse usa simbolismo extensivamente, incluindo números e imagens retiradas principalmente do Antigo Testamento. Interpretar o Apocalipse exige entender o contexto histórico, a linguagem simbólica, e a conexão com o Antigo Testamento. É importante evitar o literalismo, que interpreta os símbolos como descrições literais de eventos futuros, e o alegorismo, que interpreta os símbolos de forma especulativa, sem base bíblica.
Importância da Literatura Apocalíptica:
A literatura apocalíptica oferecia esperança e orientação aos que sofriam opressão, interpretando a natureza da história e transmitindo a mensagem de que Deus é o Senhor da criação e da história.
Os Tipos de Profetas na Literatura Apocalíptica
A principal distinção encontrada nas fontes entre profetas na literatura apocalíptica é a diferença entre profetas clássicos do Antigo Testamento e os autores apocalípticos, que se viam como profetas, mas utilizavam um estilo e uma abordagem diferentes.
Profetas Clássicos:
- Foco neste Mundo: Os profetas clássicos se preocupavam com a justiça social, econômica e política no mundo presente. Eles chamavam o povo à obediência a Deus para a reforma e recriação deste mundo, acreditando que a vontade divina se cumpriria dentro da história.
- Mensagem Falada: A mensagem dos profetas clássicos era proclamada diretamente ao povo. Eles se apresentavam em nome próprio e assumiam a responsabilidade por suas palavras.
- Otimismo Histórico: Os profetas clássicos, mesmo ao condenar o presente, mantinham um otimismo em relação à história, acreditando na possibilidade de mudança e melhoria pela aceitação da vontade de Deus.
Autores Apocalípticos:
- Foco no Mundo Vindouro: Os autores apocalípticos se concentravam no fim dos tempos, na transição para o mundo vindouro e nas bênçãos divinas após o juízo. Eles descreviam o pecado da era presente, os terrores do período de transição e a glória da era por vir.
- Mensagem Escrita: A mensagem dos autores apocalípticos era transmitida por escrito, em uma linguagem simbólica e complexa que exigia estudo e interpretação.
- Pseudônimos: Os autores apocalípticos geralmente se escondiam atrás de pseudônimos, atribuindo suas obras a grandes figuras do passado. Essa prática sugere uma falta de confiança em si mesmos e na possibilidade de grandeza no mundo presente.
- Pessimismo Histórico: Diferente dos profetas clássicos, os autores apocalípticos demonstravam um certo pessimismo em relação à história, considerando a era presente como totalmente corrompida e entregue ao mal.
O Apocalipse e a Tradição Profética:
O livro do Apocalipse, embora seja um exemplo da literatura apocalíptica, se identifica como profecia. O autor, João, se apresenta em nome próprio e não usa pseudônimo. Além disso, ele não reconta a história passada disfarçada de profecia, mas olha para o futuro, como os profetas clássicos. O Apocalipse, portanto, se conecta com a tradição profética, mas com características próprias do gênero apocalíptico, como o uso extensivo de simbolismo, imagens e números retirados principalmente do Antigo Testamento.
Conclusões:
A literatura apocalíptica, com suas características e estilo próprios, se diferencia da profecia clássica em diversos aspectos. É importante reconhecer essa distinção para interpretar corretamente os livros apocalípticos, especialmente o Apocalipse, considerando o contexto histórico, a linguagem simbólica e a conexão com as Escrituras.
Saiba mais em Literatura Apocaliptica Judaica