#Teologia/Historia #Hebreus #alianças
As alianças de Deus são um tema central na história do povo hebreu, demonstrando o relacionamento de Deus com a humanidade e Seu plano de salvação. As fontes fornecidas abordam diversas dessas alianças, desde Noé até a Lei Mosaica e sua interpretação no Novo Testamento.
1. Aliança com Noé
Após o Dilúvio Mundial, Deus estabeleceu uma aliança com Noé, sua esposa, seus três filhos e suas noras – as oito pessoas que saíram da arca para repovoar a terra.
- Contexto: O dilúvio global, que foi um juízo divino sobre a terra.
- Sinal: O "arco de Deus" nas nuvens, que sinalizava que Deus não destruiria mais a terra com um dilúvio mundial para matar as pessoas. É enfatizado que não se deve chamar de "arco-íris", pois "Íris" se refere a uma deusa egípcia, mas sim "arco de Deus" ou "arco de Yahweh".
- Promessa: Deus prometeu a Noé que nunca mais traria um dilúvio global para destruir a vida na terra.
2. Aliança com Abraão
A história do povo hebreu, descendentes de Sem e depois de Éber, tem um ponto crucial na aliança com Abraão.
- Contexto: Deus chamou Abrão para sair de Ur dos caldeus e, posteriormente, de Harã, em direção à terra que Ele mostraria. Abrão tinha 75 anos quando saiu de Harã.
- Promessas: Deus prometeu a Abrão:
- Fazer dele uma grande nação.
- Abençoá-lo e engrandecer seu nome, e ele seria uma bênção.
- Abençoar os que o abençoassem e amaldiçoar os que o amaldiçoassem.
- Nele, seriam benditas todas as famílias da terra, um projeto divino de alcance universal.
- Sua descendência seria numerosa como as estrelas do céu.
- Daria a ele e sua descendência a terra de Canaã por herança.
- Seu herdeiro viria de suas próprias entranhas, e não seria Eliézer, seu servo.
- Pacto: Deus fez um pacto com Abrão em Gênesis 15, confirmando estas promessas.
- Obediência e Leis: É notável que, antes da Lei Mosaica, Abraão já obedecia à voz de Deus, guardava Seus mandamentos, preceitos, estatutos e leis. Isso indica que, embora a lei escrita para o povo viesse por Moisés, Deus já havia dado leis a Abraão para seguir.
3. Aliança com Isaque
A promessa feita a Abraão foi reafirmada a seu filho Isaque.
- Contexto: Deus apareceu a Isaque e repetiu as promessas feitas a seu pai.
- Reafirmação: Deus prometeu a Isaque que abençoaria a ele e a sua descendência, dando-lhes todas as terras e multiplicando sua descendência como as estrelas do céu. Ele confirmou o juramento feito a Abraão.
- Razão: Deus afirmou que faria isso "porque Abraão obedeceu à minha voz, guardou o meu mandamento, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis".
- Fidelidade Divina: A vida de Isaque é um testemunho de confiança na provisão de Deus, mesmo diante de problemas, como a inveja dos filisteus que entulhavam seus poços.
4. Aliança com Jacó
A aliança patriarcal continua através de Jacó, filho de Isaque.
- Contexto: Jacó, fugindo de Esaú, parou para descansar em um lugar que mais tarde seria chamado Betel (Casa de Deus). Ali, ele teve um sonho.
- Visão: Jacó sonhou com uma escada posta na terra, cujo topo chegava ao céu, e anjos de Deus subiam e desciam por ela. No topo da escada estava o Senhor (Yahweh).
- Promessas (Reafirmação): Deus se revelou como o Deus de Abraão e Isaque e confirmou as promessas a Jacó:
- Daria a ele e à sua descendência a terra em que estava deitado.
- Sua descendência seria como o pó da terra e se estenderia para todos os quatro pontos cardeais (ocidente, oriente, norte e sul).
- Nele e em sua descendência seriam benditas todas as famílias da terra, reiterando o plano universal de Deus.
- Deus estaria com ele, o guardaria por onde quer que fosse, o faria voltar àquela terra e não o deixaria até que cumprisse tudo o que tinha dito.
- Voto de Jacó: Após acordar, Jacó, temeroso e reverente, fez um voto a Deus. Ele prometeu que, se Deus estivesse com ele, o guardasse na viagem, lhe desse pão e vestes, e o fizesse voltar em paz à casa de seu pai, então o Senhor seria seu Deus, a pedra seria a Casa de Deus, e ele daria o dízimo de tudo que recebesse.
- Fidelidade de Deus e Inconstância de Jacó: Deus cumpriu Sua parte, enriquecendo Jacó. No entanto, Jacó inicialmente falhou em cumprir sua promessa de reconhecer Yahweh como seu Deus, referindo-se a Ele como "o Deus de meu pai" ou "o Deus de Abraão e Isaque" em diversas ocasiões.
- Transformação e Nome: Somente após um encontro com Deus (não um anjo) no vau de Jaboque, onde Deus o tocou, Jacó foi transformado. Deus fez a promessa de que seu nome "não se chamará mais Jacó, mas Israel". Essa mudança de nome foi efetivamente confirmada por Deus em Betel (onde Jacó ergueu um altar e reconheceu Deus como "o Deus de Israel"), marcando a completa transformação e o cumprimento de sua parte do voto.
- Tipologia: A escada de Jacó é interpretada de forma tipológica como Cristo, que é a ligação entre o céu e a terra. Jesus mesmo, em João 1, se refere a essa visão, afirmando que os anjos de Deus subiriam e desceriam sobre o Filho do Homem, indicando que Ele é a "escada".
5. A Lei Mosaica (A Velha Aliança)
Diferente das alianças patriarcais, a Lei Mosaica foi dada a uma nação já formada.
- Contexto: Após a libertação do povo hebreu do Egito e sua chegada ao Monte Sinai.
- Propósito e Limitações: O apóstolo Paulo, em Gálatas 4, usa a alegoria de Agar (a escrava, gerando filhos para a escravidão, representando o Monte Sinai e a Lei) e Sara (a livre, gerando o filho da promessa, representando a promessa e a graça). A Lei, por si só, não podia trazer salvação; ela apenas revelava o pecado, acusava e condenava, sem que ninguém pudesse cumpri-la integralmente.
- Distinção de Leis: A Lei não é toda igual; há leis transitórias e leis eternas. O evangelho, por meio da graça de Jesus, isenta da lei cerimonial, mas não da lei eterna de Deus.
- Sacerdócio: A Lei estabeleceu o sacerdócio Levítico, que era um "sacerdócio Nacional", destinado a ministrar para a nação de Israel. Este é contrastado com o "sacerdócio Universal" segundo a ordem de Melquisedeque, da linhagem de Judá, que alcançaria todas as famílias da terra através de Jesus Cristo.
Conclusão
As alianças de Deus revelam Sua fidelidade e Seu propósito eterno de abençoar a todas as famílias da terra, um plano que se desenrola desde os patriarcas e encontra seu cumprimento máximo em Jesus Cristo, que é a escada e a nova aliança de graça. Embora a inconstância humana e a incapacidade de cumprir a lei tenham sido evidentes, a graça divina sempre se manifestou para restaurar e conduzir o povo de Deus.